sinopse ?

Um Secador de Cabelos gigante invade a Cidade e devasta tudo e todos. paisagens derrubadas pelo secador comedor de gente.
Céus! será o fim do Mundo? pessoas dormem de olhos sujos.
e então escorre molho de tomate por tudo. o liquidificador derrama sangue. alguém perde seus pêlos pubianos.
o sabão escorre sujo de vermelho pelas ruas e desaparece uma cidade enquanto vozes gritam fervorosas.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

tema 3

"A menina enfiava as mãos entre as pernas, apertava os seios entre os braços e de olhos para o chão sorria, um riso que só o horizonte conseguia arrancar."

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

O Cristal Suicida

A dor invadiu meus músculos, meus cabelos, eriçou minha pele. Jantou meu ar de manhã clara e a cerejeira azul royal de dias tristes, idos vencidos ... Sou branca, sou dor, sou nuvem, sou nada. Talvez o céu azul e a incógnita de verde ar. Estou tremendo e estou à flor da pele. Sou febril e estou pulsando.

Meus músculos doem, minha cabeça já não pensa e meus órgãos não existem. Sou um palpitar de esperanças findas, loucas, sensitivas e sensuais. Elas estão no abismo, num rapel sem volta, sob uma pedra escorrega no ar. Estou no fim do poço azul, no lago lodo cristalino do céu da manhã.

Estou no fundo do lago, no espelho invertido de cristal. Observo o céu azul distante de meu olhar. Meu coração quer parar de bater. Um inseto está zumbindo, louco a dar voltas, pelo jardim seco que cerca a água completa de desilusão.
Sou triste e me sinto árvore. Não tenho raízes e estou prestes a ser esmagada, cortada, arrancada. Estou dilacerada. Do fundo do lago, do abismo, de minha boca, saem bolhas de silêncio. Em meus olhos, o crepitar se cala, o espaço umedece e o fogo de minha pele se extingue.

Estou sozinha. A madeira em mim se quebra. Ouço um zumbido. Estou cansada.
Meus ossos partidos riem do músculo frágil, da alma escassa e de meu órgão, que não quer palpitar. Agora, sou invertebrada. Sou volúpia, sangue e nada. Meu corpo dói e meu coração não existe, não pulsa. Melhor assim. Proteção. Sangrar sem dor e sem amor.

O zumbido que não para, penetra em meus ouvidos e em minhas entranhas... Estou sozinha, estou cansada e há um inseto.

Minhas asas estão grudadas, estou no fundo do lago lodo poço. Tento respirar e encontrar a superfície, tento encontrar uma saída. A luz clara está acima, a película transparente de azul claro, ainda está distante. O calor aperta, minha febre sobe.

Quero um último suspiro, mas o zumbido... O último suspiro deve ser como um zumbido retilíneo, baixo, uniforme e prolongado... Deve ser como um inseto doente. Estou cansada, estou sozinha.

O quadro de água de cristal se reflete em meus olhos secos, fixos, duros e está impregnado em meu espírito marejado de suor. Eu tento sair, mas o percurso é longo e parece que não se completa, se dilata e perdura no tempo... Vejo o céu, a cerejeira e o inseto a dar voltas. Ouço o barulho, sinto a febre.
Quero desistir, mas ele ainda pulsa. O órgão.

Num inesperado impulso líquido, involuntário, rápido e inverossímil, de corpo desfigurado e alma sem desenho, nado; largo as asas de anjo mutilado e chego à superfície, chego ao quadro de cristal. Estou sem ar, respiro. Outra vez e sempre.
Por que volto? Por quê? Deixem-me em paz de lagartixa fria, seca e transparente. O instinto não me deixa ir. Gostaria de poder parar. Isso dói. Mas tenho que continuar pulsando para me dilacerar outra vez.

Meu corpo invertebrado, molhado, como lei de Sísifo, outra vez, repleto de lodo, de sangue fria, de repteis dilacerados, de garças comidas,de algas sem vida e gravetos queimados, respira novamente o ar que machuca. Sente a dor louca, o impulso da árvore partida, os músculos soltos, os ossos quebrados e a alma sem destino.
Respiro com dificuldade. Estou arfando, deitada e empalhada, cheia de sapos ao meu redor. Vomito insetos na floresta seca, ao lado do lago lodo fundo, onde não me afoguei. Há muitos besouros e me sinto invertebrada. Meu corpo não se mexe. Pulsa, mas não continua.

Prendo a respiração. Sinto que sufoco. Então o silêncio que digere as mágoas e deixa os insetos morrerem de fome, começa a produzir um zumbido retilíneo, baixo e uniforme. Meus poros queimam e as plantas carnívoras começam a abrir-se para si mesmas.

Dessa forma, os dentes e as bocas digerem a madeira de meus órgãos, o corpo se inflama, pára. A floresta queima, a água seca, os ossos derretem e o cristal se liquefaz.

Há um zumbido...




por Nathalia Lorda

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Supondo que são crianças

Supondo que caem
Supondo que adoecem
Supondo que ano passado morreu um menino saharaui no mar
Supondo que tudo pode acontecer
Supondo que estão longe de casa
Supondo que sentem falta da mãe
Supondo que sentem falta do pai
Supondo que sentem falta
Supondo que não sei rezar
Supondo que Nana não acorda
Supondo que Nana tem 7 anos
Supondo que tem 39,7 de febre
Supondo que treme
Supondo que começa um convulsão
Supondo que tem uma infecção na gengiva séria
Supondo que se sente só
Supondo que está com medo
Supondo que eu não sou mãe
Supondo que eu não médica
Supondo que não sou enfermeira
Supondo que esqueço tudo e faço
Supondo que coloco toalha fria no corpo, no rosto
Supondo um ducha fria
Supondo que ano passado morreu um menino
Supondo que sou responsável por eles
Supondo que estou desesperada
Supondo que são 2h da manhã
Supondo que a febre continua 39
Supondo que supositório
Supondo que não sei por isso
Supondo que olho pra ela e a bunda olha pra mim
Supondo que são 4h da manhã
Supondo que a febre agora é 38
Supondo que penso em pipoca e mel
Supondo que canto em volta da cama
Supondo que espero Omulu
Supondo que toca o telefone
Supondo que são 6h30
Supondo que a febre agora é 37
Supondo que me acalmo
Supondo que penso em como é árdua a vida dos pais
Supondo o sol que bate forte na janela
Supondo que esqueço tudo o que fazia
Supondo que pela primeira vez encontrei um outro
Supondo que assim somos.

domingo, 17 de outubro de 2010

pulso/impulso

Posted by Picasa

Impulso expandido - de dentro para fora – pulsa.

Agora ele está em minhas mãos pulsando... Vivo.
Pulsa durante a madrugada e todos os desejos e referências sexuais são derivadas dele.


O arranquei e ele é vermelho, dá vontade de lamber.



O gozo se torna algo angustiado, buscando a morte da dor, do prazer à dor a morte e sepultamento do que fora prazer.



Em pensar que estava prestes a me desfazer dele. Não! Vou comê-lo. Melhor assim...

Não quero ouvir tudo novamente, todas as palavras que já foram ditas.

Mude pelo menos o timbre, que escorram palavras e que essas frases montadas sejam verdades e não um monte de códigos triviais jogados ao vento.


Finjo...


A dor é localizada.

Escorre um pouco de seu vermelho quase vivo - quase morto pelos braços

-Acho bonito de ver-


Tinha medo de ele ser metafísico, mas, você me ajudou, tirou a prova dos noves e resolvi conferir.

Agora caminho pelas ruas e te apresento minha nova posse tangível aos olhos de todos.

Olhe! Era para ti. Coloque o dedo ai bem no ventrículo... Qual? Tanto faz direito ou esquerdo, vamos nos perder a todo custo, de todos os jeitos, não é assim que as coisas funcionam?

As forças diminuem, o tempo se esvai e ambos sem conseguir movimento ou contrações.

- Mas, é tudo tão bonito!-

Ainda resta tempo...

Aperto-o e a textura suculenta o sangue escorre mais como uma calda.

Coloco-o numa baixela antiga de prata ou ouro branco português. Aquelas peças herdadas de família, das mulheres de minha família. A peça tem estória... Gostaria de escutá-las, não sei mais se há tempo para saber o que de fato ocorreu. Se ainda é possível me entregar a investigações.

Observo o quanto posso ou quanto o tempo nos permitir.
E fico na dúvida hesitante...


Devorá-lo ou contemplá-lo até a brevidade que me resta?

O Sinteco

Então um dia ela se apaixonou e sua tinta verde fluiu pelo piso da sala recém pintada, recém encerada. Seu sangue correu e ela podia ver como entrava pelos vincos da madeira nobre de sua sala de estar. O sinteco, ainda com cheiro forte, invadia suas narinas e lhe causava um torpor, um riso fácil de droga barata, um amortecimento que a deixava cair lá, no meio do pântano, sem reação. A tinta verde cobria o sangue e ela achou engraçado aquele líquido que não era dela, mas saia de seu corpo. Será que era dela? Que dor é essa? Verde... e ela já estava drogada, de dor, de amor, de sinteco, e o sangue que ia escorrendo no chão caríssimo...

Por Nathalia Lorda 

sábado, 16 de outubro de 2010

EM VÃO

Tá, tá bom, eu vou, eu ligo, eu digo. Hã, hã ...Sei, tá, tá bom, veja bem... eu não prometi nada.
Não, não que você pedisse, eu que pedi, eu nunca quis...você sabe eu sou um jacaré e odeio piranhas. Sim, sim, isso tem a ver com meu gosto por muffins. É, bem, que seja assim, como o cartório e Deus quis... Eu preciso fugir rápido. Sim, para algum asilo. Eu odeio rãns. Elas são moles e você sabe... eu odiava suas pernas. Não, não, você era ótima, quer dizer você é ótima é que... suas pernas, e seu jeito e é, é difícil admitir mas eu menti, quer dizer eu te amei mas você andou de bicicleta no parque e eu não consigo mascar chicletes. Outro dia disse isso ao meu terapeuta e fomos andar de montanha russa porque eu gosto de madeira verde.

Sim, nasci no campo e odeio comer bolo de fubá sem sementinhas de erva doce. É, eu sou sensível, coisas de vó. Ela tinha um cheiro horrível e eu ...Não,não, não sou doce, eu sou bruto e detestaria ter que conversar sobre isso outra vez... Saia do meu caminho. Quer dizer, de um jeito doce. Preciso nadar e jogar paint-ball. Gosto da dor que a tinta provoca no meu corpo, e o medo de morrer... Eu, eu gostava do seu corpo e o medo que ele causava em mim... Mas sabe como é, a vida... a vida é como um cogumelo de algodão doce, rosa, é , é tem um inseto
em cima. Mas, não fique triste eu vou cozinhar tudo com queijo de cabra e tortinhas de maça azeda. Tomara que você nunca mais apareça... Ah, sim, sim, obrigada, desligue o fogão, seja uma boa moça e não me esqueça... de vez em quando te ligo e, e sussurrarei algumas coisas pornográficas. Amém.


Por Nathalia Lorda

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Efêmero: O desgaste de uma frase.

Estou sentindo algo muito forte por você. É...eu... bem... acho, que estou te amando. Estou te amando. eu te amo. Amo-te muito. Você é o amor da minha vida. Amooo você. Você é meu amor para sempre. TE Amo. EU TE AMO. Eu te amo. eu te amo. amo você. amo tudo em você. Te amo inteira. Amo muito. Amo. Eu amo. você é meu amor. Amo. ainda te amo. eu. é é...não sei mais o que sinto. Acho que não sei o que sinto. eu ...é eu... acho você...é acho que não sei mais. eu eu eu eu... não duvide foi amor. foi...acho...eu não sei mais.

Algum Quadro Exposto

Algum quadro exposto

Ele a abriu.
A desdobrou, a virou do outro lado...

Dentro dela,
.......................nada
Só o Vazio.

Suas vísceras expostas
Suas vísceras expostas
Suas vísceras expostas
.............Dentro,
...........................Nada

Algo vermelho escorria
Ele não entendia o que era.
Suas mãos também vermelhas
Ele, escorria um líquido salgado.

Ele não sabia o que era no meio daquele Nada dela.

Sozinho,
em pânico
Paralisado.

Ele respirava dor.

Dor não física

Dor quântica.

Pingava vermelho no salão.
Todos sorriam amareladamente.
Ela exposta, observava as próprias vísceras.
O prazer da Descoberta.
Descobrir O de dentro.
Era ela apenas. Ela que estava alí.

Ele tentava sofrer o mesmo procedimento dela
em frente àqueles sorrisos amarelos,
mas algo não funcionava.
Suas vísceras não estavam expostas.
Sua bílis pingava.
Ele,
...........perdido
Respirava.
Respirava bílis

mas seu líquido não era vermelho.
Perdia a coloração a cada pingo.
A cada gota
.....................transparecia

O prazer do nada dela se esgotava
O prazer do nada dela esperava continuar nada
Ela se expremia para escorrer.
As pessoas a sua volta sorriam amareladamente.

Deglutida Ela.

Ele devorava-se sem saber qual era seu começo e onde findava seu fim.
Findar seu fim...
Redundante, ele olhava
...................................perplexo.
.............................................paralisado.

O nada dela o contaminava,
mas seu líquido nunca VERMELHO

Os olhos pululavam.
................................Os dele
........................................Os dela.
As pessoas sorriam e davam as mãos.

E o líquido amarelo?
Por onde sai?
..............Fica
Não sai. Fica.

Ei, Homem! O que tem na minha boca desvairada?

Aparentemente

....................................................Os dentes dela estavam brancos.
Suas mãos iam perdendo a coloração pele e se tornavam uma cor só
Uma cor que se perdia dos olhos.
Suas mãos mudaram do ponto de partida.
hora podiam ser seus pés, hora seus olhos, hora sua língua.

...............Lambia
Ela lambia com as mãos
.........................................Ele
........................À espreita.

Mordia-se
mordia-se para poder engolir suas vísceras
que não apareciam.
.

Por Thaís de Almeida Prado.
Estrada de São Paulo à Londrina, dia 1 de maio de 2008

IMPULSO DE FIM DE NOITE

E nos ensinam a resistir…

Eu não quero resistir, quero reagir

Eu não quero aceitar, eu quero atravancar, criar, reclamar, amar, azar, atar, tar, tarada

Tara de noite

Não quero ser boazinha, não quero ser de centro, não quero ser conformada, não quero esperar,

Meu centro magma azul arde.

Minha cratera é quente e chora.

Não quero frieza, não quero cerveja, quero as lágrimas quentes do coração destilado

E a fome, a dor no estômago dos que têm ânsia de buscar

Sem garantias

Quero ser, estar, me envolver, vomitar. Jogar no lixo todas as pessoas podres que não sabem trocar, persistir, respeitar, respirar,Res.

Aquelas que nunca tocaram na cor do veludo.

Asco pra elas.



Por Nathalia Lorda

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

dor-mências

Corpo suspenso de reações o estado de dormência leva os pensamentos em "out".

São muitas informações procuradas e elas causam formigamento, formiga bem na cervical... E a tentativa de entrar no estado de "in" é substituída pelo atropelamento das palavras sobrepostas latejando inchadas. Vou esvaziar meu disco e ficar "off" em dormência, buscando um estado de consciência induzida, sem interferências, sem contatos, sem perfis.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Muitas vezes se sentia como um bicho do mato. Olhava, devorava, corria. Não podia ver a ninguém, com medo de que exaltasse a sua fúria egoísta e infantil. Escrevia com as mãos sujas e com a rapidez urgente daquilo que precisa de tempo. Amassava seu estômago, se isolava, segurava a respiração a fim de segurar o tempo.
A personagem é uma escritora; escreve uma poesia ácida e cheia de neblina. Adora a metáfora, adora a não objetividade. Teme ser muito clara com o que diz, as vezes teme os riscos. Por isso devora palavras. Revela idéias sem revela-las. E mantém o mistério. O guarda dentro de cada caixinha presente no seu quarto. Sim, há muitas caixinhas no seu quarto. Pequenas, grandes e coloridas. Mas dentro das caixinhas não há nada de especial, só caixinhas.

Para esquecer do azul e do cinza

Para esquecer o azul e o cinza, ela pôs o melhor vestido, aquele que abraçava seu pescoço e modelava sua cintura, ela saiu com aquela inquietação de quem não podia ficar em casa. Meteu-se na sua bicicleta, fazia frio, e dirigiu por entre luzes escuras. Era uma noite bonita e ela se sentia tão só quanto vazia.
Era isso que fazia para poder esquecer, conduzia como se sem prestar atenção, como se procurasse por algum rosto. Como se achasse que podia encontrar naquelas caras vazias, algo que pudesse dialogar com o vazio da sua alma.
Encontrava amigos, bebia vinho, cerveja e café. A conversa daquela noite que anunciava a chegada do outono, lhe trouxera também uma certa tranqüilidade em meio à tanta agonia. “Há pessoas que são mesmo bobas”, pensava, por isso seguia na bicicleta, para esquecer do azul e do cinza. Mais do azul do que do cinza, porque este a impressionara tanto a primeira vez que o vira.
O vento frio cortava a fineza de sua pele, porém a imagem do canal a transportara para instantes luz de onde se encontrava o vazio de sua alma. Talvez fosse mais cinza do que azul. Cruzou a estrutura das barracas do mercado turco e parou em um bar. Olhou, cheirou. Fazia frio como não havia sentido nos últimos 3 meses. Entrou. Sentou. Pediu um vinho. E mais outro. Olhava pela vidraça e observavam as pessoas que passavam. Como se fosse um objeto solitário e esquecido na estante, observava. Tenho que descer as roupas de inverno, pensava. Tenho que comer. Ponto. E mais um ponto.
Eram azuis, as cadeiras vazias da varanda do bar. Tinham um pouco de cinza. Sim, são muito bobos. E os poetas, que escrevem sobre o amor, não sabem vive-lo. Pensou que na vida dos poetas não há espaço para experienciar o amor. E ela escreve todos os dias, com o seu corpo.
Ficou feliz que haviam tantos faróis. Amarelos. Porque dos azuis já estava arta. Pensou se seguiria sentindo frio nos seus pés ou na bicicleta. Não queria ir para casa, não queria se arriscar. Não queria nada que estivesse longe do seu controle. Também não queria mais os poetas. Nem o azul ,nem o cinza. Não sabia mais o quê queria em meio à tanto desejo que vagava por sua alma. Mas sentia saudades, de uma lembrança do passado, do momento presente.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

observancias

Dois corpos em movimento e uma luz contrastada. ele e ela. lilazes roxos. ele e ela dançam sós. ela busca. ele paralisa. encontros ou movimentos solos em sincronismo sem tempo e espaço. ele e ela e ela é ele. respiram. homem lagarto mulher esqueleta.
falta câmera para registro.
mas é o efêmero que perpassa o tempo.
o efêmero dos inconstantes.

uma redundância...


Thaís de Almeida Prado

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

O Crocodilo Verde

O Crocodilo Verde

Ela entrou por um estacionamento abandonado, pensou acho que não
é aqui.
Pessoas saiam esquisitas, pagando aquelas migalhas custosas de
sábado à noite. As migalhas pesam no orçamento, mas não na alma
dos que fazem, pensam e, adivinhem, vivem o mesmo todas as
noites. Típica saída, a obrigatoriedade mofada de se divertir aos
sábados.
No ritual das migalhas do estacionamento, todo sábado elas se
dirigem a um guichê, o preço está pago, o pão foi comido por mim
meu querido, eu não gostei, mas isso não importa, sou melhor que
você. Por favor, o troco.
Mas eu falava das migalhas, do homem migalhas, num cubículo,
um aquário para feras, uma cenografia cenicamente anônima. Um
ser quase sombrio, réptil do pântano, confinado em exposição, se
arrastando na baba pra contar as moedas. Ele valida o ticket, sorri
num muito obrigado de má vontade, range cinicamente os dentes e
imagina devorar a cabeça do primeiro esquecer o troco, o troco de
estar vivo, de saber que a vida é um pouco mais que entretenimento
barato de quinta categoria. Ele, réptil acorrentado atrás do vidro,
tinha que se contentar com sua impotência de servir de circo,
babando, pra mais tarde, chegar em casa e descarregar-se do
mundo, devorando cabeças de esposas, misturadas com almôndegas
ao molho sugo sangue.

Mas, a burguesia, além de cega é inconsciente e não percebe o
perigo. Se diverte forçosamente no ritual interminável de trabalhar,
dormir, comer, gastar, tomar banho e jantar. Contar moedas, rir e
reclamar, e sair. É praticamente o mesmo. O resto são variações
ilusórias numa música quadrada e metálica. Nada é mais certo do
que o contar moedas e faltar na alma.

Acontece que ela não estava de humor para uma noite surrealista.
Passou rápido por ali, fingiu não enxergar, não fazer parte do mundo,
fugiu da luz verde do crocodilo e desviou para a casa de jazz. O outro
mundo possível na selva torrente do rio de metais.
Virando à esquerda ela encontrou o reduto de bons músicos.
Um lugar meio estranho, meio cheirando a mofo, com cara de
abandonado, descuido. Não era isso que ela esperava que estivesse
do outro lado do mundo.
Voltar ou não voltar? Mas é preciso enfrentar o crocodilo verde. Não,
vamos ficar. Já basta ser sábado à noite e os alienígenas estarem
soltos lá fora.
Ela entra com desconfiança, um rapaz esquisito explica o
funcionamento da casa e a retêm na porta. “Bem meu querido, não
é preciso de tanta cerimônia para que eu gaste meu sentimento
de solidão neste lugar, não é?” Já vi que o lugar é uma espelunca.

Sim, ela era assim. Irônica, descrente e apaixonante, puro
magma dentro de uma crosta larga de frio e decepção. No
entanto, sua camada de atmosfera era puro riso, humor e doçura.
Sim, uma espécime rara numa terra estranha e complexa.
Finalmente ela entrou, ultrapassou o obstáculo do Bob Marley
atrasado para sua época. Ufa, ela não suporta pessoa que tentam
impressionar.
Molduras de quadros, piso de estacionamento, tudo quebrado, sem
cuidado. O paraíso é este? Socorro, eu quero sair, ela pensou. Nada
de lugar para sentar, nenhuma decoração agradável, paredes ruindo
e deus me livre, de dia deve ser pior. Ela tem esses arroubos chiques
de madame de vez em quando. Na verdade é nobreza, estirpe de
alma, frescura de quem ama o belo e o cuidadoso. Acontece que ela
fica mau humorada quando é contrariada.

Porém a música tomava conta do espaço. Ela sentou-se numa
poltrona velha de madeira, quase invadindo o palco, quase
encostando na perna da flautista. Por sorte, os músicos são
espécimes melhores e a musicista só fez sorrir e continuar.
Ufa, ela estava salva.

Nathalia Lorda

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Pra você que não existe, ou ainda não apareceu, eu espero.

Pra você que não existe, ou ainda não apareceu, eu espero.

(Set 2008)

Onde está a Bruxa???
Onde está a Dominatrixx? E as roupas de Cruela Cruel?... que anda
pelos cantos vestida de empregada...
Joana Dark?
Onde está a certeza, a força, onde está?

E o príncipe encantado, que não vem?
Onde está você? Em que Eco da vida? Em qual cyber espaço?

Minhas asas de anjo do fim de todas as coisas precisa de reparos.
Precisa de um fim para ser ela, de novo.

Talvez não mais penas.
Mas ainda assim, o sol.
E cair...

Já me afoguei na água. Já empurrei a pedra.
Subi muitas e muitas vezes. Deixei cair.
Sou muito, muito velha.
Ainda assim, gosto de pára-quedas.

Em qual floresta está você? Em que continente, em qual dimensão?
Onde estão as pessoas que não são ídolos,
mas se atiram e viram espuma?

Onde está a queda de todas as coisas nesta superfície plana,
constante, paralela?

Será que os dragões morreram?
Onde estão as torres e as princesas? E os elixires da morte para
acabar logo com tudo.

Deus bêbado descansando com um copo de vinho na mão.

E os vampiros cansados de tanto sangue insosso.
Por toda a eternidade.

Deixem cair, deixem cair.

Nathalia Lorda

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Desterritorialidade

Desterritorialidade

De quem
Em que dia, a que horas, por quê?
Chega de perguntas.
Chega de bossa nova.
E das pessoas que não morrem.
Chega de cânones, de objetos perdidos dando voltas às galáxias.
Chega de lixo.
Um pouco mais de sangue é necessário.
Chega de morte branca.

Nathalia Lorda

Cansei

Cansei

Cansei
Do meu castelo de cartas, de pedra, areia e fumaça
Do rio enorme, com jacarés boiando mortos
onde ninguém passa
Dos esquilos petrificados
das bruxas sem vassoura
os bobos sem arte,
e as tortas de maça que os ursos não roubam.

E as princesas,
Ah, as princesas esfarrapadas, loucas, bruxas, pronta para serem
queimadas na fogueira.

Não há fósforos no meu castelo.
Os muros estão úmidos de conhecimento
E os príncipes há muito foram cremados pelo dragão
que está extinto por vontade própria

Mas ainda assim, há seres que resistem...

Há salamandras que lutam por ser elas mesmas e não artífices de
bruxa
Há os musgos que não estão interessados em cobrir os muros
Há cogumelos que não produzem delírios e não alimentam ninguém
Há móveis dilacerados rindo a cada destruição
Há superfície vazia
Há um grito que ri do eco
Há o próprio castelo que não mais interessado nisso tudo saiu para o
mar, sem medo de afundar.

E está afundando.

Nathalia Lorda

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

O anjo do fim de todas as coisas

O anjo do fim de todas as coisas

(Set 2008)

Vou fazer do não lugar, um lugar.
Do risco o lema
Do riso, um sarcasmo delicioso, inteligente e reconfortante
Do não, o tema
Do sim, apenas
Da queda, o interminável caminho
Do caminho, o riso
E novamente.

Nathalia Lorda

sábado, 28 de agosto de 2010

Histórias
Contagem
Re-visitar

Pequenos odores, pequenos circulos, a circulação, sangue que sai do coração.
Caixa repleta, cheia de objetos, tralhas para serem jogadas. Cuspidas. Eu não tenho mais medo. A coragem que estava sendo escondida no fundo da caixa, aberta com o apertar de um polegar.
Expansão, espacos
////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////
Abrir espaços, deletar lixeira
///////////////////////////////////////
Estar pronta, o novo espaço entre...........................

Pulmão, intestino.
O mundo cafa liberto após o estomago.
Movimento de estatuas livres.
A lembrança quer me perseguir, eu conto: 12? ou ainda 14? ou será apenas 2?

Quanta ilusão! imaginação e destuição.
Saio da mente e sigo para a construção da vida. Numa nova visão. Experiência. O espaço do vazio. Janela aberta para o salto. Jump.. Caio no re-lugar. Não, não é um não-lugar, é re-lugar, religado, relicario, de forma diferente, como velho sábio.

Eu sou dona dessa história, ela não me assuta. Eu domino essa história.

(21/08/2010 - Erika Cunha)

terça-feira, 24 de agosto de 2010

primeira resposta a uma palavra que eu não sabia que existia

Engraçado me dizerem deterioração. A minha primeira reação foi busca no dicionário o significado. Não porque não soubesse (afinal meu português está mal mas nem tanto,kkkk) mas porque queria saber se existia algum outro significado para isso, alguma saída. Engraçado também porque muitas das brigas do meu antigo relacionamento giravam em tornodisso. Ele dizia que eu deveria parar de acabar comigo mesma, porque não se pode amar uma pessoa que se destroe. Confesso que após 4.48 me dói um pouco pensar em quão auto destruitiva posso ser. Existem também dimensões outras, eu sei, mas é como um vitral composto de imagens estilhaçadas. Alguma palavra que eu não entendo, alguma dessas andaças está rompida. As partes são apenas partes e não formam um todo.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

secador em deterioração

TEMA 1 - O Desgaste / Deterioração.


regras de um tabuleiro avesso

1 - todo encontro é um experimento cênico que pode ou não ter convidados.
2 - cada experimento aborda um tema combinado antes com os artistas.
3 - experimentar, jogar, se jogar.
4 - processo matéria.
5 - todo dia uma nova estréia.