Cansei
Do meu castelo de cartas, de pedra, areia e fumaça
Do rio enorme, com jacarés boiando mortos
onde ninguém passa
Dos esquilos petrificados
das bruxas sem vassoura
os bobos sem arte,
e as tortas de maça que os ursos não roubam.
E as princesas,
Ah, as princesas esfarrapadas, loucas, bruxas, pronta para serem
queimadas na fogueira.
Não há fósforos no meu castelo.
Os muros estão úmidos de conhecimento
E os príncipes há muito foram cremados pelo dragão
que está extinto por vontade própria
Mas ainda assim, há seres que resistem...
Há salamandras que lutam por ser elas mesmas e não artífices de
bruxa
Há os musgos que não estão interessados em cobrir os muros
Há cogumelos que não produzem delírios e não alimentam ninguém
Há móveis dilacerados rindo a cada destruição
Há superfície vazia
Há um grito que ri do eco
Há o próprio castelo que não mais interessado nisso tudo saiu para o
mar, sem medo de afundar.
E está afundando.
Nathalia Lorda