Muitas vezes se sentia como um bicho do mato. Olhava, devorava, corria. Não podia ver a ninguém, com medo de que exaltasse a sua fúria egoísta e infantil. Escrevia com as mãos sujas e com a rapidez urgente daquilo que precisa de tempo. Amassava seu estômago, se isolava, segurava a respiração a fim de segurar o tempo.
A personagem é uma escritora; escreve uma poesia ácida e cheia de neblina. Adora a metáfora, adora a não objetividade. Teme ser muito clara com o que diz, as vezes teme os riscos. Por isso devora palavras. Revela idéias sem revela-las. E mantém o mistério. O guarda dentro de cada caixinha presente no seu quarto. Sim, há muitas caixinhas no seu quarto. Pequenas, grandes e coloridas. Mas dentro das caixinhas não há nada de especial, só caixinhas.