São muitas informações procuradas e elas causam formigamento, formiga bem na cervical... E a tentativa de entrar no estado de "in" é substituída pelo atropelamento das palavras sobrepostas latejando inchadas. Vou esvaziar meu disco e ficar "off" em dormência, buscando um estado de consciência induzida, sem interferências, sem contatos, sem perfis.
sinopse ?
Um Secador de Cabelos gigante invade a Cidade e devasta tudo e todos. paisagens derrubadas pelo secador comedor de gente.
Céus! será o fim do Mundo? pessoas dormem de olhos sujos.
e então escorre molho de tomate por tudo. o liquidificador derrama sangue. alguém perde seus pêlos pubianos.
o sabão escorre sujo de vermelho pelas ruas e desaparece uma cidade enquanto vozes gritam fervorosas.
o sabão escorre sujo de vermelho pelas ruas e desaparece uma cidade enquanto vozes gritam fervorosas.
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
segunda-feira, 20 de setembro de 2010
Muitas vezes se sentia como um bicho do mato. Olhava, devorava, corria. Não podia ver a ninguém, com medo de que exaltasse a sua fúria egoísta e infantil. Escrevia com as mãos sujas e com a rapidez urgente daquilo que precisa de tempo. Amassava seu estômago, se isolava, segurava a respiração a fim de segurar o tempo.
A personagem é uma escritora; escreve uma poesia ácida e cheia de neblina. Adora a metáfora, adora a não objetividade. Teme ser muito clara com o que diz, as vezes teme os riscos. Por isso devora palavras. Revela idéias sem revela-las. E mantém o mistério. O guarda dentro de cada caixinha presente no seu quarto. Sim, há muitas caixinhas no seu quarto. Pequenas, grandes e coloridas. Mas dentro das caixinhas não há nada de especial, só caixinhas.
A personagem é uma escritora; escreve uma poesia ácida e cheia de neblina. Adora a metáfora, adora a não objetividade. Teme ser muito clara com o que diz, as vezes teme os riscos. Por isso devora palavras. Revela idéias sem revela-las. E mantém o mistério. O guarda dentro de cada caixinha presente no seu quarto. Sim, há muitas caixinhas no seu quarto. Pequenas, grandes e coloridas. Mas dentro das caixinhas não há nada de especial, só caixinhas.
Para esquecer do azul e do cinza
Para esquecer o azul e o cinza, ela pôs o melhor vestido, aquele que abraçava seu pescoço e modelava sua cintura, ela saiu com aquela inquietação de quem não podia ficar em casa. Meteu-se na sua bicicleta, fazia frio, e dirigiu por entre luzes escuras. Era uma noite bonita e ela se sentia tão só quanto vazia.
Era isso que fazia para poder esquecer, conduzia como se sem prestar atenção, como se procurasse por algum rosto. Como se achasse que podia encontrar naquelas caras vazias, algo que pudesse dialogar com o vazio da sua alma.
Encontrava amigos, bebia vinho, cerveja e café. A conversa daquela noite que anunciava a chegada do outono, lhe trouxera também uma certa tranqüilidade em meio à tanta agonia. “Há pessoas que são mesmo bobas”, pensava, por isso seguia na bicicleta, para esquecer do azul e do cinza. Mais do azul do que do cinza, porque este a impressionara tanto a primeira vez que o vira.
O vento frio cortava a fineza de sua pele, porém a imagem do canal a transportara para instantes luz de onde se encontrava o vazio de sua alma. Talvez fosse mais cinza do que azul. Cruzou a estrutura das barracas do mercado turco e parou em um bar. Olhou, cheirou. Fazia frio como não havia sentido nos últimos 3 meses. Entrou. Sentou. Pediu um vinho. E mais outro. Olhava pela vidraça e observavam as pessoas que passavam. Como se fosse um objeto solitário e esquecido na estante, observava. Tenho que descer as roupas de inverno, pensava. Tenho que comer. Ponto. E mais um ponto.
Eram azuis, as cadeiras vazias da varanda do bar. Tinham um pouco de cinza. Sim, são muito bobos. E os poetas, que escrevem sobre o amor, não sabem vive-lo. Pensou que na vida dos poetas não há espaço para experienciar o amor. E ela escreve todos os dias, com o seu corpo.
Ficou feliz que haviam tantos faróis. Amarelos. Porque dos azuis já estava arta. Pensou se seguiria sentindo frio nos seus pés ou na bicicleta. Não queria ir para casa, não queria se arriscar. Não queria nada que estivesse longe do seu controle. Também não queria mais os poetas. Nem o azul ,nem o cinza. Não sabia mais o quê queria em meio à tanto desejo que vagava por sua alma. Mas sentia saudades, de uma lembrança do passado, do momento presente.
Era isso que fazia para poder esquecer, conduzia como se sem prestar atenção, como se procurasse por algum rosto. Como se achasse que podia encontrar naquelas caras vazias, algo que pudesse dialogar com o vazio da sua alma.
Encontrava amigos, bebia vinho, cerveja e café. A conversa daquela noite que anunciava a chegada do outono, lhe trouxera também uma certa tranqüilidade em meio à tanta agonia. “Há pessoas que são mesmo bobas”, pensava, por isso seguia na bicicleta, para esquecer do azul e do cinza. Mais do azul do que do cinza, porque este a impressionara tanto a primeira vez que o vira.
O vento frio cortava a fineza de sua pele, porém a imagem do canal a transportara para instantes luz de onde se encontrava o vazio de sua alma. Talvez fosse mais cinza do que azul. Cruzou a estrutura das barracas do mercado turco e parou em um bar. Olhou, cheirou. Fazia frio como não havia sentido nos últimos 3 meses. Entrou. Sentou. Pediu um vinho. E mais outro. Olhava pela vidraça e observavam as pessoas que passavam. Como se fosse um objeto solitário e esquecido na estante, observava. Tenho que descer as roupas de inverno, pensava. Tenho que comer. Ponto. E mais um ponto.
Eram azuis, as cadeiras vazias da varanda do bar. Tinham um pouco de cinza. Sim, são muito bobos. E os poetas, que escrevem sobre o amor, não sabem vive-lo. Pensou que na vida dos poetas não há espaço para experienciar o amor. E ela escreve todos os dias, com o seu corpo.
Ficou feliz que haviam tantos faróis. Amarelos. Porque dos azuis já estava arta. Pensou se seguiria sentindo frio nos seus pés ou na bicicleta. Não queria ir para casa, não queria se arriscar. Não queria nada que estivesse longe do seu controle. Também não queria mais os poetas. Nem o azul ,nem o cinza. Não sabia mais o quê queria em meio à tanto desejo que vagava por sua alma. Mas sentia saudades, de uma lembrança do passado, do momento presente.
segunda-feira, 6 de setembro de 2010
observancias
Dois corpos em movimento e uma luz contrastada. ele e ela. lilazes roxos. ele e ela dançam sós. ela busca. ele paralisa. encontros ou movimentos solos em sincronismo sem tempo e espaço. ele e ela e ela é ele. respiram. homem lagarto mulher esqueleta.
falta câmera para registro.
mas é o efêmero que perpassa o tempo.
o efêmero dos inconstantes.
uma redundância...
falta câmera para registro.
mas é o efêmero que perpassa o tempo.
o efêmero dos inconstantes.
uma redundância...
Thaís de Almeida Prado
quinta-feira, 2 de setembro de 2010
O Crocodilo Verde
O Crocodilo Verde
Ela entrou por um estacionamento abandonado, pensou acho que não
é aqui.
Pessoas saiam esquisitas, pagando aquelas migalhas custosas de
sábado à noite. As migalhas pesam no orçamento, mas não na alma
dos que fazem, pensam e, adivinhem, vivem o mesmo todas as
noites. Típica saída, a obrigatoriedade mofada de se divertir aos
sábados.
No ritual das migalhas do estacionamento, todo sábado elas se
dirigem a um guichê, o preço está pago, o pão foi comido por mim
meu querido, eu não gostei, mas isso não importa, sou melhor que
você. Por favor, o troco.
Mas eu falava das migalhas, do homem migalhas, num cubículo,
um aquário para feras, uma cenografia cenicamente anônima. Um
ser quase sombrio, réptil do pântano, confinado em exposição, se
arrastando na baba pra contar as moedas. Ele valida o ticket, sorri
num muito obrigado de má vontade, range cinicamente os dentes e
imagina devorar a cabeça do primeiro esquecer o troco, o troco de
estar vivo, de saber que a vida é um pouco mais que entretenimento
barato de quinta categoria. Ele, réptil acorrentado atrás do vidro,
tinha que se contentar com sua impotência de servir de circo,
babando, pra mais tarde, chegar em casa e descarregar-se do
mundo, devorando cabeças de esposas, misturadas com almôndegas
ao molho sugo sangue.
Mas, a burguesia, além de cega é inconsciente e não percebe o
perigo. Se diverte forçosamente no ritual interminável de trabalhar,
dormir, comer, gastar, tomar banho e jantar. Contar moedas, rir e
reclamar, e sair. É praticamente o mesmo. O resto são variações
ilusórias numa música quadrada e metálica. Nada é mais certo do
que o contar moedas e faltar na alma.
Acontece que ela não estava de humor para uma noite surrealista.
Passou rápido por ali, fingiu não enxergar, não fazer parte do mundo,
fugiu da luz verde do crocodilo e desviou para a casa de jazz. O outro
mundo possível na selva torrente do rio de metais.
Virando à esquerda ela encontrou o reduto de bons músicos.
Um lugar meio estranho, meio cheirando a mofo, com cara de
abandonado, descuido. Não era isso que ela esperava que estivesse
do outro lado do mundo.
Voltar ou não voltar? Mas é preciso enfrentar o crocodilo verde. Não,
vamos ficar. Já basta ser sábado à noite e os alienígenas estarem
soltos lá fora.
Ela entra com desconfiança, um rapaz esquisito explica o
funcionamento da casa e a retêm na porta. “Bem meu querido, não
é preciso de tanta cerimônia para que eu gaste meu sentimento
de solidão neste lugar, não é?” Já vi que o lugar é uma espelunca.
Sim, ela era assim. Irônica, descrente e apaixonante, puro
magma dentro de uma crosta larga de frio e decepção. No
entanto, sua camada de atmosfera era puro riso, humor e doçura.
Sim, uma espécime rara numa terra estranha e complexa.
Finalmente ela entrou, ultrapassou o obstáculo do Bob Marley
atrasado para sua época. Ufa, ela não suporta pessoa que tentam
impressionar.
Molduras de quadros, piso de estacionamento, tudo quebrado, sem
cuidado. O paraíso é este? Socorro, eu quero sair, ela pensou. Nada
de lugar para sentar, nenhuma decoração agradável, paredes ruindo
e deus me livre, de dia deve ser pior. Ela tem esses arroubos chiques
de madame de vez em quando. Na verdade é nobreza, estirpe de
alma, frescura de quem ama o belo e o cuidadoso. Acontece que ela
fica mau humorada quando é contrariada.
Porém a música tomava conta do espaço. Ela sentou-se numa
poltrona velha de madeira, quase invadindo o palco, quase
encostando na perna da flautista. Por sorte, os músicos são
espécimes melhores e a musicista só fez sorrir e continuar.
Ufa, ela estava salva.
Ela entrou por um estacionamento abandonado, pensou acho que não
é aqui.
Pessoas saiam esquisitas, pagando aquelas migalhas custosas de
sábado à noite. As migalhas pesam no orçamento, mas não na alma
dos que fazem, pensam e, adivinhem, vivem o mesmo todas as
noites. Típica saída, a obrigatoriedade mofada de se divertir aos
sábados.
No ritual das migalhas do estacionamento, todo sábado elas se
dirigem a um guichê, o preço está pago, o pão foi comido por mim
meu querido, eu não gostei, mas isso não importa, sou melhor que
você. Por favor, o troco.
Mas eu falava das migalhas, do homem migalhas, num cubículo,
um aquário para feras, uma cenografia cenicamente anônima. Um
ser quase sombrio, réptil do pântano, confinado em exposição, se
arrastando na baba pra contar as moedas. Ele valida o ticket, sorri
num muito obrigado de má vontade, range cinicamente os dentes e
imagina devorar a cabeça do primeiro esquecer o troco, o troco de
estar vivo, de saber que a vida é um pouco mais que entretenimento
barato de quinta categoria. Ele, réptil acorrentado atrás do vidro,
tinha que se contentar com sua impotência de servir de circo,
babando, pra mais tarde, chegar em casa e descarregar-se do
mundo, devorando cabeças de esposas, misturadas com almôndegas
ao molho sugo sangue.
Mas, a burguesia, além de cega é inconsciente e não percebe o
perigo. Se diverte forçosamente no ritual interminável de trabalhar,
dormir, comer, gastar, tomar banho e jantar. Contar moedas, rir e
reclamar, e sair. É praticamente o mesmo. O resto são variações
ilusórias numa música quadrada e metálica. Nada é mais certo do
que o contar moedas e faltar na alma.
Acontece que ela não estava de humor para uma noite surrealista.
Passou rápido por ali, fingiu não enxergar, não fazer parte do mundo,
fugiu da luz verde do crocodilo e desviou para a casa de jazz. O outro
mundo possível na selva torrente do rio de metais.
Virando à esquerda ela encontrou o reduto de bons músicos.
Um lugar meio estranho, meio cheirando a mofo, com cara de
abandonado, descuido. Não era isso que ela esperava que estivesse
do outro lado do mundo.
Voltar ou não voltar? Mas é preciso enfrentar o crocodilo verde. Não,
vamos ficar. Já basta ser sábado à noite e os alienígenas estarem
soltos lá fora.
Ela entra com desconfiança, um rapaz esquisito explica o
funcionamento da casa e a retêm na porta. “Bem meu querido, não
é preciso de tanta cerimônia para que eu gaste meu sentimento
de solidão neste lugar, não é?” Já vi que o lugar é uma espelunca.
Sim, ela era assim. Irônica, descrente e apaixonante, puro
magma dentro de uma crosta larga de frio e decepção. No
entanto, sua camada de atmosfera era puro riso, humor e doçura.
Sim, uma espécime rara numa terra estranha e complexa.
Finalmente ela entrou, ultrapassou o obstáculo do Bob Marley
atrasado para sua época. Ufa, ela não suporta pessoa que tentam
impressionar.
Molduras de quadros, piso de estacionamento, tudo quebrado, sem
cuidado. O paraíso é este? Socorro, eu quero sair, ela pensou. Nada
de lugar para sentar, nenhuma decoração agradável, paredes ruindo
e deus me livre, de dia deve ser pior. Ela tem esses arroubos chiques
de madame de vez em quando. Na verdade é nobreza, estirpe de
alma, frescura de quem ama o belo e o cuidadoso. Acontece que ela
fica mau humorada quando é contrariada.
Porém a música tomava conta do espaço. Ela sentou-se numa
poltrona velha de madeira, quase invadindo o palco, quase
encostando na perna da flautista. Por sorte, os músicos são
espécimes melhores e a musicista só fez sorrir e continuar.
Ufa, ela estava salva.
Nathalia Lorda
quarta-feira, 1 de setembro de 2010
Pra você que não existe, ou ainda não apareceu, eu espero.
Pra você que não existe, ou ainda não apareceu, eu espero.
(Set 2008)
Onde está a Bruxa???
Onde está a Dominatrixx? E as roupas de Cruela Cruel?... que anda
pelos cantos vestida de empregada...
Joana Dark?
Onde está a certeza, a força, onde está?
E o príncipe encantado, que não vem?
Onde está você? Em que Eco da vida? Em qual cyber espaço?
Minhas asas de anjo do fim de todas as coisas precisa de reparos.
Precisa de um fim para ser ela, de novo.
Talvez não mais penas.
Mas ainda assim, o sol.
E cair...
Já me afoguei na água. Já empurrei a pedra.
Subi muitas e muitas vezes. Deixei cair.
Sou muito, muito velha.
Ainda assim, gosto de pára-quedas.
Em qual floresta está você? Em que continente, em qual dimensão?
Onde estão as pessoas que não são ídolos,
mas se atiram e viram espuma?
Onde está a queda de todas as coisas nesta superfície plana,
constante, paralela?
Será que os dragões morreram?
Onde estão as torres e as princesas? E os elixires da morte para
acabar logo com tudo.
Deus bêbado descansando com um copo de vinho na mão.
E os vampiros cansados de tanto sangue insosso.
Por toda a eternidade.
Deixem cair, deixem cair.
(Set 2008)
Onde está a Bruxa???
Onde está a Dominatrixx? E as roupas de Cruela Cruel?... que anda
pelos cantos vestida de empregada...
Joana Dark?
Onde está a certeza, a força, onde está?
E o príncipe encantado, que não vem?
Onde está você? Em que Eco da vida? Em qual cyber espaço?
Minhas asas de anjo do fim de todas as coisas precisa de reparos.
Precisa de um fim para ser ela, de novo.
Talvez não mais penas.
Mas ainda assim, o sol.
E cair...
Já me afoguei na água. Já empurrei a pedra.
Subi muitas e muitas vezes. Deixei cair.
Sou muito, muito velha.
Ainda assim, gosto de pára-quedas.
Em qual floresta está você? Em que continente, em qual dimensão?
Onde estão as pessoas que não são ídolos,
mas se atiram e viram espuma?
Onde está a queda de todas as coisas nesta superfície plana,
constante, paralela?
Será que os dragões morreram?
Onde estão as torres e as princesas? E os elixires da morte para
acabar logo com tudo.
Deus bêbado descansando com um copo de vinho na mão.
E os vampiros cansados de tanto sangue insosso.
Por toda a eternidade.
Deixem cair, deixem cair.
Nathalia Lorda
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